Corre
uma lenda sobre as origens do café contando que, num dado
momento do século III d. C., um pastor de cabras, chamado
Kaldi, certa noite ficou ansioso quando suas cabras não retornaram
ao rebanho. Quando saiu para procurá-las, encontrou-as saltitando
próximo a um arbusto cujos frutos estavam mastigando e que
obviamente foi o que lhes deu a estranha energia que Kaldi nunca
vira antes. Dizem que ele mesmo experimentou os frutos e descobriu
que eles o enchiam de energia, como aconteceu com o seu rebanho.
Kaldi evidentemente levou essa maravilhosa "dádiva divina"
ao mosteiro local, mas as reações não foram
favoráveis e ele ateou fogo nos frutos, dizendo serem "obra
do demônio". O aroma exalado pelos frutos torrados nas
chamas atraiu todos os monges para descobrir o que estava causando
aquele maravilhoso perfume e os grãos de café foram
rastelados das cinzas e recolhidos. O abade mudou de idéia,
sugeriu que os grãos fossem esmagados na água para
ver que tipo de infusão eles davam, e os monges logo descobriram
que o preparado os mantinha acordados durante as rezas e períodos
de meditação. Notícias dos maravilhosos poderes
da bebida espalharam-se de um monastério a outro e, assim,
aos poucos espalharam-se por todo mundo.
As evidências
botânicas sugerem que a planta do café origina-se na
Etiópia Central (onde ainda crescem vários milhares
de pés acima do nível do mar). Ninguém parece
saber exatamente quando o primeiro café foi tomado lá
(ou em qualquer parte), mas os registros dizem que foi tomado em
sua terra nativa em meados do século XV Também sabemos
que foi cultivado no Iêmen (antes conhecido como Arábia),
com a aprovação do governo, aproximadamente na mesma
época, e pensa-se que talvez os persas levaram-no para a
Etiópia no século VI d.C., período em que invadiram
a região.
À
medida que o café tornou-se cada vez mais popular, salas
especiais nas casas dos mais abastados foram reservadas para se
tomar café, e casas de café começaram a aparecer
nas cidades. A primeira abriu em Meca, no final do século
XV e início do XVI e, embora originalmente fossem lugares
de reuniões religiosas, esses amplos saguões onde
os clientes se sentavam em esteiras de palha ou colchões
sobre o chão, rapidamente tornaram-se centros de música,
dança, jogos de xadrez, gamão, conversas em locais
em que se faziam negócios. A primeira abriu em Meca, no final
do século XV e início do XVI e, embora originalmente
fossem lugares de reuniões religiosas, esses amplos saguões
onde os clientes se sentavam em esteiras de palha ou colchões
sobre o chão, rapidamente tornaram-se centros de música,
dança, jogos de xadrez, gamão, conversas em locais
em que se faziam negócios.
Sua popularidade
espalhou-se por Cairo, Constantinopla e para todas as partes do
Oriente Médio, mas os muçulmanos devotos desaprovavam
todas as bebidas tóxicas, incluindo o café, e consideravam
as casas de café como uma ameaça à observância
religiosa. Às vezes, esses centros populares de diversão
eram atacados e destruídos por fanáticos religiosos,
e alguns governantes apoiavam a proibição do café
e impunham punições aterrorizadoras: aqueles que desobedecessem
poderiam ser açoitados, presos dentro de um saco de couro
e atirados no Bósforo.
Enquanto
isso, comerciantes europeus da Holanda, Alemanha e Itália
certamente estavam exportando grãos e, também, tentando
introduzir a lavoura em suas colônias. Os holandeses foram
os primeiros a iniciar o cultivo comercial no Sri Lanka, em 1658,
e então em Java, em 1699, e por volta de 1706 eles estavam
exportando o primeiro café de Java e estendendo a produção
para outras partes da Indonésia. Em 1714, os holandeses bem-sucedidos
presentearam Luís XIV da França com um pé de
café que cresceu numa estufa em Versailles e quando deu frutos,
as sementes foram espalhadas e as mudas foram levadas para o cultivo
na ilha de Réunion, na época chamada de Ilha de Bourbon.
A variedade de arbustos de café que se desenvolveu daquela
árvore em Paris tornou-se conhecida como o café Bourbon
e foi a fonte original de grãos hoje conhecidos no Brasil
como Santos e no México como Oaxaca. |